Apoiadores das famílias que vivem no assentamento Milton Santos entraram em greve de fome por tempo indeterminado, acorrentados em frente ao prédio da Presidência da República em São Paulo, localizado na Avenida Paulista, número 2163. Eles saíram do prédio do INCRA, que continua ocupado pelos assentados do Milton Santos, e se dirigiram para a Avenida Paulista por volta das 17 horas de terça-feira (22).
O objetivo é chamar a atenção da Presidente Dilma para que ela IMPEÇA O MASSACRE IMINENTE das 70 famílias de trabalhadores rurais que pretendem resistir pacificamente, sem se mover, até as últimas consequências, caso a Polícia Militar do Estado de São Paulo decida cumprir a ordem de reintegração de posse em favor da família Abdalla, dona de mais de 17 mil hectares de terra produzindo unicamente cana-de-açúcar.
O Milton Santos é modelo de produção de alimentos sem agrotóxicos no Brasil e no Mundo. Ele existe há oito anos, quando o Governo Federal deu esse passo importante na reforma agrária criando o assentamento que pertencia ao INSS desde os anos 70, quando o governo confiscou essa pequena parcela do latifúndio da família Abdalla devido às exorbitantes dívidas que os antigos donos tinham com a União. Os assentados produzem 250 toneladas de alimento sem veneno, que abastecem 36 entidades, entre restaurantes populares, asilos, creches e escolas.
Agora, o Desembargador Federal, Luiz Stefanini expediu a Ordem de Despejo das famílias em favor do Grupo Abdalla. Os homens, mulheres e crianças que vivem e trabalham no Milton Santos estão com suas vidas em risco, ante o iminente massacre que ocorrerá caso a Polícia Militar leve a cabo a reintegração. As consequências disso, para todo o Brasil, seriam terríveis, pois seria a primeira vez que ocorreria uma reversão de Reforma Agrária desse tipo, abrindo um precedente gravíssimo.
OCORRERÃO MUITAS MORTES caso a Presidente Dilma não intervenha. É conhecido o desrespeito às leis e a truculência das tropas paulistas, que nos últimos anos vêm protagonizando ações de desapropriação com violência desmedida, como o caso do Bairro Pinheirinho, em que houve inclusive denuncias de estupros de moradoras cometidos por policiais e de agressões que resultaram na morte do aposentado Ivo Teles dos Santos, de 70 anos.
A radicalização não-violenta se faz necessária nessa defesa da dignidade e dos direitos humanos, que deve ser intransigente. Os três primeiros manifestantes a tomar parte nessa ação radical não violenta, Pedro, Angélica e Tomas, não estão ferindo nenhuma lei. Esses apoiadores não possuem qualquer intenção de cometer atos de violência contra qualquer ser vivo, bem como não têm a intenção de danificar qualquer prédio ou objeto material. De modo que, qualquer tentativa de retirada dos manifestantes por parte do Estado ou de qualquer agente será um ato de violência e de violação de princípios constitucionais como direito de ir e vir, de livre manifestação do pensamento, de reunião, etc. O agente público ou particular que tentar impedir a manifestação terá de arcar com as consequências jurídicas disso.
Os manifestantes acampados em frente à Presidência passaram o dia recebendo apoio de muita gente que passou pelo local e chamam toda a ajuda possível de quem puder se juntar ao grupo. Outras maneiras de ajudar é divulgando essas informações para o Brasil e o resto do mundo, uma vez que a grande mídia deverá tentar invisibilizar tanto a greve de fome, quanto o massacre que está prestes a acontecer, uma vez que o Grupo Abdala (de uma única família que possui mais de 100 vezes mais terra que toda a área ocupada pelas 70 famílias do Milton Santos) é também dono de afiliadas da Rede Globo no estado de São Paulo.
Os assentados resistirão até o fim. Por isso essa tentativa de impedir o banho de sangue pacificamente deve ser levada a sério.
Ajude a exigir que a Presidente impeça o massacre enquanto é tempo. Ou teremos mais sangue do que em Eldorado dos Carajás.
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